Imponente e, ao mesmo tempo, bem simplista com sua população de 20 mil habitantes, a Estância Turística de Salesópolis nos encanta com sua simpatia, belezas naturais e pontos turísticos históricos. Um belo, bom e barato passeio que, além de divertido e inspirador, foi somente utilizando o transporte público coletivo.
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Salesópolis é mais uma cidade considerada Estância Turística do Estado de São Paulo. Uma das atrações mais importantes do município é o Parque das Nascentes do Rio Tiete. Sim, aqui ainda existe boa parte deste curso de água bem conservado, preservado e sem poluição.
Quando pesquisei sobre a cidade, percebi que existem muitos atrativos legais para se conhecer, mas muitos destes pontos turísticos ficam mais afastados do centro, por isso demorei para conhecer o lugar. Mas em um final de semana de julho/2019, simplesmente acordei, arrumei as coisas e fui para lá. Aproveitei que é possível chegar utilizando o transporte público, então só arrumei uma mochilinha e fui.
Saí de Cotia de ônibus até a estação de Metrô da linha amarela mais próxima. Depois o destino foi a linha Coral 11 da CPTM, com parada final em Mogi das Cruzes. Saindo da estação pela esquerda, siga até a Avenida Américo Rodrigues. O ponto do ônibus fica bem no comecinho. Aí só aguardar o coletivo intermunicipal da EMTU, linha 311 (ônibus azul) destino Salesópolis, que aceita o cartão BOM. A viagem dura pelo menos 1 hora.
Eu desci no ponto final do ônibus, no Trevo da Estrada Petrobras, km 99 da Rodovia Professor Alfredo Rolim de Moura (SP 88). Como estava a pé, decidi primeiro seguir até a Cachoeira da Porteira Preta que se situa no km 105 e no trajeto, ainda poderia passar na Senzala, no km 103. Após utilizar o banheiro no Restaurante (até pensei em almoçar por lá, mas achei muito caro) segui meus próximos 6 km de caminhada pelo asfalto.
Infelizmente, quando cheguei na “Porteira Preta” ela estava fechada. Acho que por ser um mês de inverno, nem no sábado abre. Voltei para trás rapidinho, afinal, iria visitar outros pontos turísticos ainda.
Na volta para a cidade, entrei no Casarão e Restaurante Senzala e por lá tive uma aula de história com o proprietário e descendente de escravos, João Camilo. Ele herdou o lugar que foi uma casa de passagem dos senhorios e escravos que subiam do litoral para a capital. O casarão era utilizado como área de descanso e troca de mercadorias no século 18. A construção é de pau a pique e com técnicas de taipas de pilão. O pé direito alto era para circular melhor o ar lá por dentro do grande imóvel, onde também encontramos muitos utensílios utilizados na época bem preservados, como até uma corrente onde os escravos ficavam presos.
O “historiador” João Camilo sempre está no local para receber os visitantes e dar uma verdadeira aula sobre os acontecimentos do local. No final, os R$5,00 que é cobrado para uma manutenção do local, foram muito bem pagos. Ah, aos domingos, a casa abre o seu restaurante (fui no sábado).
Depois de andar os 12 km, peguei naquele ponto final o ônibus para voltar para o centro da cidade. Já tinha pesquisado na net algumas acomodações, mas preferi fechar na hora. Chegando próxima a Igreja da Matriz São José, inaugurada em 1911, estava acontecendo a Festa do Divino Espírito Santo, me imaginei ficando sem lugar (quase aconteceu), mas eu adorei, pois tudo parecia bem bucólico e pacífico, tudo o que eu estava precisando no momento, afinal, fui toda despretensiosa e ainda conseguiria curtir um showzinho a noite.
Antes de procurar o lugar para ficar, recebi outra deslumbrante aula, agora sobre a história da cidade e seus encantos musicais, foi na loja Maestro Presentes, onde você encontra uma grande variedade de lembrancinhas criativas para todas as idades e, enquanto você escolhe seu presente, você ouve no gramofone, o hino da cidade escrito pelo saudoso Maestro e cidadão honorário da Estância Turística de Salesópolis, Sebastião de Mello Faria, pai de Pedro que cuida da loja juntamente com sua mãe, Dona Viana, que conversavam comigo me mostrando esse vintage aparelho e me contando a história da música. Fui muito bem acolhida na loja, se pudesse até levaria tudo, rsrs.
Após comprar meu imã de geladeira e o chaveiro da cidade para minha coleção, perguntei sobre os lugares para passar a noite. Ali pelo centro tem o Salesópolis Hostel, mas que fica um pouco longe da igreja, então nem fui até lá. Fui à Pousada São José, mas que não tinha mais vagas, aí me sobrou o Hotel Soares Camargo onde fiquei por R$ 100,00 com um quarto individual muito limpo e aconchegante e depois um majestoso café da manhã. Pesquisando na net, achei o Camping Portal – (11) 95203-6703 (tim), contato Dona Ruth, mas não tenho mais detalhes.
Após me acomodar no hotel, banho tomado, fui até a pracinha da Paróquia. Por lá, muitas barracas de comes e bebes, uma bela festa. Comi uns 3 crepes deliciosos, por apenas R$ 5,00 cada e tomei muito vinho quente. A banda tocava rock nacional e aproveitei cada minuto. No final, voltei para o hotel bem feliz por ter dado esta sorte neste dia da minha visita.
No domingo, após meu esplêndido café da manhã, assisti a missa, onde destaco além da organização da celebração e engajamento da população, as pinturas e afrescos internos da Igreja, peguei minhas coisas no hotel e segui para ver mais do centro da cidade. Caminhei até o Portal de Entrada. Eu sou louca por estas obras de boas-vindas e por placas descritivas. E, por fim, esperei por ali mesmo o ônibus que me levou até a estação de trem e segui meu caminho de volta para Caucaia do Alto.
Outros pontos turísticos, que não consegui visitar desta vez por conta da distância a partir do centro (dizem que tem mais): Parque do Pinheirinho, Mirante da Torre (Estrada das Mirandas), Casarão do Café, alguns alambiques, Barragem da Ponte Nova, Represa do Rio Paraitinga, o Parque Nascentes do Rio Tiete e suas trilhas (A nascente é tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio, Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) e está localizada numa altitude de 1.027m, na Serra do Mar, em meio à mata nativa), o Museu da Energia e a Usina Hidrelétrica Parque de Salesópolis, construída em 1912, uma das primeiras do Brasil, Cachoeira do Dorminhoco (ou Guardião), Trilha do Poço Bonito, Trilha e Cachoeira do Balcão e outros atrativos dentro do O Núcleo Padre Dória (NPDOR), o décimo Núcleo do Parque Estadual Serra do Mar e que dá carimbo no Passaporte de Trilhas São Paulo. E quase esqueço de mencionar, eu não cheguei a comer em nenhum restaurante, mas no centro vi muitas placas com valores de refeição bem acessíveis.
Eu pretendo voltar, com toda a certeza. Tem muita coisa ainda para ver e espero que você também tenha se animado a conhecer esta encantadora cidade e seus atrativos variados e especiais.
Um dos cartões postais de Salesópolis, a Igreja Matriz de São José fica bem no alto e pode ser avistada de longe.
A senzala é uma construção que mantém boa parte da sua origem